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Entre Tejo e Sado

Por dentro dos dias e da vida

Por dentro dos dias e da vida

Na paisagem da eternidade.

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Rita Raimundo de Sousa

6 de janeiro de 1929 - 3 de Junho de 1960
94 anos
 
Por vezes, imagino que converso contigo, que estás a meu lado, que tocas na minha mão e acaricias meu cabelo.
Por vezes, imagino o teu sorriso a beijar os meus olhos num deslumbramento de pétalas.
Por vezes, recordo o teu último adeus, na distância do comboio a mergulhar na escuridão da noite.
Por vezes, recordo a tua voz melódica a voar por dentro da minha memória.
Por vezes, recordo o silêncio das flores, brancas, na terra, em cruz de saudade.
 
Afinal, nem sei se são saudades. Porque saudades são ausência, e, tu, não sei porquê, sinto-te que estás sempre ao meu lado, abraçando o meu coração.
Quantas vezes, para dentro de mim mesmo, ao longo da vida, gritei: Mãe, ajuda-me! E tu, do infinito, ali estavas a beijar os meus nervos.
 
É por isso, só por isso, por tudo isso, que, aquele instante, último de despedida, naquela noite, junto ao Guadiana, continua presente dentro dos recantos do meu silêncio, como se fosse uma tela pintada que nasce na penumbra da noite, nesse tempo de criança, que ficou eterno em cores e sons.
 
Vejo, ainda hoje, o teu sorriso a brilhar na luz, sem luar, e, as tuas mãos a acenar no ritmo das luzes a rasgar a janela do comboio que se diluía…diluía…diluía…na paisagem da eternidade.
 
Por vezes, recordo-te, tantas vezes recordo-te, mas, neste dia, que é o Dia de Reis, que é teu dia mãe, aqui estou a conversar contigo, através destas palavras que nascem na memória e forjam o silêncio do Futuro.
 
Ao fim do dia, no café, dizia à minha filha Rita: “Hoje, a tua avó fazia anos”. A Alice brincava.
Olhei em redor, e, com um sorriso a viajar pelo tempo, senti no jardim mais belo da vida, aquele em que só nós lá vamos, as flores e as borboletas, a imensa gratidão que sinto pela beleza da vida.
 
Neste dia que te pertence, serás, sempre, a rainha que floresce como um poema a voar, sempre a voar, como gaivota a beijar o sol e a tocar com as asas o azul infinito...eternidade!
 
António Sousa Pereira

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