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Entre Tejo e Sado

Por dentro dos dias e da vida

Por dentro dos dias e da vida

José Saramago legou ao Barreiro «O Sabor da Palavra Liberdade»

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. “Estamos a entregar nas mãos daqueles que elegemos demasiadas coisas”, palavras de José Saramago, em «O Sabor da Palavra Liberdade»


“Convidaram-me para vir falar do sabor da palavra liberdade e aqui estou…”, com estas palavras começou José Saramago, a sua intervenção, no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro, no ano de 1990, iniciativa que decorreu no âmbito das comemorações do 25 de Abril.

Uns dias antes, na minha função, na época de responsável de Informação e Relações Públicas da Câmara Municipal do Barreiro, telefonei a José Saramago, a convida-lo para participar num Colóquio no programa das comemorações do 25 de Abril.
José Saramago, respondeu-me que não desejava participar em nenhum debate, ou colóquio sobre o 25 de Abril.
Então disse-lhe que o tema do colóquio não era o 25 de Abril, mas: O Sabor da Palavra Liberdade. O lema que criei e foi aprovado para nesse ano ser o mote das comemorações da Revolução dos Cravos.
José Saramago, respondeu-me de imediato, perante o tema do colóquio: “Podem contar comigo”. E ficamos a conversar um pouco sobre o tema.

Eu já conhecia José Saramago, trouxe-o ao Barreiro e jantamos no Restaurante “Centenário”, num dia que veio falar sobre o seu livro “Jangada de Pedra”, num ciclo de encontros com diversos escritores que organizei no Auditório do Centro de Trabalho do PCP. Um dia de casa cheia, tal como aconteceu com David Mourão Ferreira, ou Baptista Bastos, assim como Manuel da Fonseca e Maria Rosa Colaço, e muitos outros.

Mas voltando a José Saramago, no dia da conversa, no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro com o tema “O Sabor da Palavra Liberdade”, tomei uma decisão de gravar o colóquio. Uma boa aposta.
No ano seguinte, com o texto da sua intervenção em papel, contactei José Saramago. Fui a casa dele, na altura residia na Estrela, em Lisboa. Leu o texto com entusiasmo. Conversámos. A ideia era publicar o texto, pela sua actualidade.
José Saramago concordou. Depois de acertar alguns pormenores, porque a forma como se fala não é a forma como se escreve, ficou tudo em ordem para ser publicado o original de José Saramago~, com o tema: “O Sabor da Palavra Liberdade”.
Um texto que continua actual. Uma publicação que é da responsabilidade da Câmara Municipal do Barreiro, que já teve uma segunda edição, e, agora que vamos entrar nas comemorações do centenário do nascimento do escrito que ganhou o Nobel da Literatura, era interessante, voltar a reeditar o texto, pois era um contributo positivo para assinalar a efeméride.
José Saramago um nome que está ligado ao concelho do Barreiro. As novas gerações deviam ler e ler o texto «O Sabor da Palavra Liberdade”.

A actualidade do texto «O Sabor da Palavra Liberdade»

«Deveríamos ganhar consciência de que somos um momento crucial da história portuguesa, de que não podemos fugir à responsabilidade de procurar compreender e influenciar o que hoje se passa, por assim dizer, à nossa revelia. Deveríamos deixar a atitude egoísta, hoje comum, de valorizar, por cima de tudo, aqueles interesses que possam servir a nossa vida pessoal, e que acabará por levar-nos à indiferença como forma de opção política. Não tarda muito que digamos: «A minha política é o dinheiro que eu ganho»

Estamos, penso eu, a delegar demasiado, estamos a entregar nas mãos daqueles que elegemos demasiadas coisas, estamos a usar de pouca ou nenhuma exigência na avaliação dos seus actos, como se, no fundo, apenas aspirássemos a ter alguém que nos governe e nos deixe ganhar a vida o melhor possível. Contentamo-nos com pôr um voto nas urnas de quatro em quatro anos ou de cinco em cinco anos, como o único e pouco trabalhoso dever cívico que estamos dispostos a reconhecer", são palavras de José Saramago, em “O Sabor da Palavra Liberdade”.

Eu tenho um prazer enorme de ter conhecido de perto José Saramago, de com ele ter partilhado momentos na vida, conversado, dialogado, num rir a bom rir, e, afinal, ter sido o criador do lema : «O Sabor da Palavra Liberdade», que deu o título à publicação editada pela Câmara Municipal do Barreiro, com o fraterno abraço de José Saramago.

António Sousa Pereira

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