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Entre Tejo e Sado

Por dentro dos dias e da vida

Por dentro dos dias e da vida

Parabéns Portugal pelo teu 893º aniversário. Amo a minha língua e a minha história, com todos os seus erros e virtudes

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Quando eu tinha os meus 16 anos tinha uma imensa vontade de conhecer Portugal e, nesse ano decidi, dar uma volta a Portugal. Sozinho parti sem rumo, pelas estradas à boleia, e dei a minha primeira volta ao país, de norte a sul.
 
Era escuteiro, de mochila as costas, latas de conserva e salsichas, uns ovos. Lá fui, depois via-se, onde e como dormia, e como comia. Foi uma aventura linda, durante mais de 18 dias. Com estórias lindas que guardei no meu coração. Percorri o país de lés a lés. Voltei a repetir nos anos seguintes, mas menos distâncias.
Recordei esta jornada, a propósito de hoje, dia 24 de junho, celebrar-se o dia que se considera a data da fundação de Portugal - 893º aniversário.
 
Foi nesta data que em 1128, D. Afonso Henriques venceu a Batalha de S. Mamede, que terá decorrido num lugar denominado «Campo da Ataca», na freguesia de S. Mamede de Aldão, concelho de Guimarães, segundo refere Diogo Freitas do Amaral, na biografia de D. Afonso Henriques, um livro que li de forma apaixonada e que nos dá uma visão historiográfica sobre as origens e as raízes desta «jangada de pedra». Gostei de ler e aconselho.
 
Mas, tudo isto veio a propósito dessa minha primeira volta a Portugal, naquele tempo que não haviam autoestradas, que as estradas tinham curvas e mais curvas, que as distâncias eram percorridas em horas.
Nessa volta a Portugal, cheguei a Guimarães e, como era habitual, assim fazia em todas as terras, procurava um Grupo de Escuteiros da CNE, de forma a garantir um local para pernoitar, passar um dia e conhecer a zona. Nessa volta um dos pontos que guardo com emoção foi a chegada a Guimarães. A sede dos escuteiros era perto do Castelo, naquele tempo, ao redor, era um descampado.
 
E, para surpresa minha, o pessoal todo do agrupamento de escuteiros tomou a decisão de montar naquele espaço um acampamento, com o castelo de Guimarães como fundo da paisagem. Eram várias tendas e uma onde eu ia pernoitar. As mães fizeram o jantar. Ao redor de uma fogueira foi o jantar e uma verdadeira festa para receber o escuteiro vindo de Lisboa, numa volta a Portugal.
 
No dia seguinte, após o pequeno almoço, fizemos uma jornada de corta-mato, subimos até ao Monte da Penha. Um lugar de uma beleza sublime. Um encontro místico, com a natureza e a humanização pela religiosidade.
Foi uma jornada espectacular, por troços únicos, só acessíveis pela arte do terreno dos escuteiros. Ainda recordo os raios de sol a rasgar a vegetação. O som dos pássaros. A paisagem deslumbrante. Tão lindo. Sublime.
 
Regressámos para o almoço, que as mães carinhosamente tinham preparado. Aquela paragem em Guimarães foi uma jornada de uma grande ternura. Guardo dentro de mim, naquele recanto onde ficam os momentos belos da vida. Foi uma recepção fraterna. Foi uma despedida de grande emoção. Um escuteiro solitário a dar a volta ao país, recebido calorosamente no local onde o país nasceu, com um abraço do tamanho do mundo. Aqui fica o meu eterno reconhecimento. Gratidão. Se por acaso, alguém ler este texto lá por Guimarães, e, algum dos jovens que, nos anos 60, comigo partilhou esta jornada, aqui fica um grande e fraterno abraço. Uma canhota do coração. Gostava de voltar a encontrar essa gente que fez nascer a amizade numa palavra – solidariedade. Foi lindo, muito lindo.
 
E recordei tudo isto a propósito da celebração da data de fundação de Portugal. O meu país. A minha língua.
Um país que, afinal, começou num gesto de verticalidade, como recorda Diogo Freitas do Amaral, a recusa de Afonso Henriques de prestar “um acto de vassalagem” a Afonso VII, de Leão e Castela.
E, a partir daí foi o que se viu, este povo, que está aqui, neste território com raízes muito próprias, cá se consolidou, espalhou uma língua pelo mundo e inscreveu-se, como diz Hegel, na sua História da Razão, como sendo o povo que abriu as portas da modernidade da história da humanidade.
 
Parabéns Portugal pelo teu 893º aniversário. Gosto de ser português. Amo a minha língua e a minha história, com todos os seus erros e virtudes. Somos Portugal.
 
António Sousa Pereira
 

Eduardo Lourenço – o homem que me fez sentir Europa e pensar o 25 de Abril na história

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Fez-me pensar Portugal no mundo. Fez-me pensar Portugal na saudade – do ser que somos e fomos.
Fez-me sentir a importância e o significado do 25 de Abril na história quase milenar de um povo. Uma marca única – o antes e o depois.
 
 

Lia. Guardava. Reflectia. Os seus textos no JL eram para mim um encontro com o pensar, e, dar asas ao pensamento.
Através da sua obra e dos seus textos, motivou-me a pensar Europa, a pensar Portugal na cultura europeia. Fez-me pensar Portugal no mundo. Fez-me pensar Portugal na saudade – do ser que somos e fomos.
Fez-me sentir a importância e o significado do 25 de Abril na história quase milenar de um povo. Uma marca única – o antes e o depois. Pensar este território europeu, onde a terra acaba e o mar começa, este território que a beijar o Atlântico, se fez mar, esse mar que se fez história, que se fez língua no mundo. Por isso, fez-me sentir essa data – 25 de Abril – na história e com a dimensão da epopeia milenar do meu povo. Esse, que sou, Portugal.
Fez-me sentir e pensar, esse momento único de ruptura da nossa história, uma referência inquestionável, do ser português, do ser Portugal – que foi no seu enorme passado e, também, naquilo que é, e será no futuro, tal como dizia o poeta, o Pessoa, que ele amava. Cumpriu-se o mar. Falta cumprir-se Portugal.

Esse Portugal que rasgou as portas do medo dos oceanos, abriu as janelas das incertezas, por onde espreitou – África, Brasil, a India e o Oriente, e, por fim, abriu um tempo de esperança, num mundo novo, esse, como diz Hegel, que foi o tempo e a epopeia que abriu as portas à história da modernidade da humanidade.
Tudo isto fui pensando e sentindo, com Eduardo Lourenço, mergulhando no tempo, no espaço, na memória, na história e nas estórias, em tudo isso, que faz uma identidade, única, inscrita no mundo, através de uma língua.
Essa língua que é a marca de um povo, esse traço de um povo pioneiro, um povo que se emociona, quando pensa com ternura África, um povo que raciocina quando pensa com ambição o ser Europa, um povo que se interroga e pensa com saudade o ouro do Brasil.
Um povo provinciano e cosmopolita. Um povo que abraça e se faz humanidade beijando e germinando, na sua imensa pluralidade.
Um povo que é saudade, essa saudade que se faz fraternidade.

Foi tudo que isto que aprendi a pensar com Eduardo Lourenço, na simplicidade dos seus textos, na profundidade das suas reflexões.
Obrigado, Eduardo Lourenço!

António Sousa Pereira

Filigrana

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Os dias podem ser de ouro,
os dias podem ser dourados,
serão isso, apenas isso,
dias de ouro,
dias dourados.

O mais belo é sentirmos,
que eles são filigrana,
finos,
suaves,
ternos,
dedos a cerzir,
os nervos em chama.

Esses. Só esses.
São dias poema!

António Sousa Pereira
28 de Maio de 2020

Sonhar e fazer vida!

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Eu não nasci para morrer enquanto estou vivo, é por isso, só por isso, que sinto as palavras rasgar o ventre, aí, onde tudo começa a germinar e a pulsar o coração.

 

Eu não nasci para morrer de morte morta, essa, feita de fantasmas que atemorizam, escondida nos nervos, e que fazem o homem morrer, ao transformar-se em silêncio, catavento, mero servo, obediente, criado de serviço, submisso, castrado de Liberdade.

 

Não. Eu sou dessa gente que escreve, que sente, que vê, que ama a vida e vive. Essa gente que não engole as palavras, nem espera enriquecer com os sons, esses que arrefecem as emoções, aquecem os passos, saltitando nas bermas de caminhos por construir, sempre por construir.

 

Não nasci para subir à custa do silêncio, nem quero construir os meus dias enterrando os meus sonhos de homem livre – como dizia um amigo meu que já partiu – quero estar, aqui e agora, com essa forma de estar nos dias, sempre a pensar ao contrário, do outro lado, daquele onde a vida sangra. Ser diferente, porque é nas diferenças que o mundo se transforma e a democracia floresce.

 

Sempre que senti os meus lábios presos de solidão. Abri uma janela para sentir o vento gelar os meus olhos, abrindo os braços e gritar, sim, apenas gritar aquela flor que está no meu coração – Liberdade!


É por isso que, mais que morrer no quotidiano vazio, submisso – ideologicamente perfeito de todas essas perfeições que fazem o poder – eu quero estar, aqui, neste lado, que me permite sonhar e fazer vida!

 

António Sousa Pereira

 

Uma página em branco

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A vida é uma página em branco, onde escrevemos, colorimos, apagamos, voltamos a escrever, acrescentamos novas cores, sorrindo, sempre sorrindo.   

É pelo sorriso que vamos. É pelo sorriso que somos.

É pelo sorriso que superamos, aqueles momentos, onde – o sol deixa de brilhar ou a chuva torrencial desce nos olhos, e, então, só então, sabemos que a vida é um constante renascer.

Guardamos a ternura. Abraçamos a vida. Colhemos a esperança. Sorrimos. Só quando aprendemos a viver com um sorriso a rasgar os nervos, descobrimos que a vida é tudo aquilo que construímos e transportamos no sangue, a correr nas veias, a sulcar em palavras a consciência, vivendo em paixão por tudo o que fomos e somos.

Afinal, nós somos, sempre, com tudo o que fomos.

 

A vida é uma página em branco, que, afinal, começa no branco do branco, esse, que se inscreve na memória – um sorriso. O teu sorriso!

A vida é uma página em branco a nossa responsabilidade é, nela, inscrevermos todas as palavras que nascem nas vivências que enchem o tempo, todo o tempo do qual é feito o nosso coração.

A nossa responsabilidade é colorir todos os recantos, de todos os dias, de todo o tempo que somos, assim, com todas as cores, essas, que fazem brilhar os nervos, e, sobriamente, suavemente, ternamente, fazem a memória saltar por dentro de ondas do mar, viajar por serras verdejantes, beijar as margens de um rio, voar num poema feito de vida e amor.

 

A vida é uma página em branco, onde, a cada momento, colorimos, escrevemos, sonhamos, cantamos, rimos, pensamos e amamos.

A beleza da vida reside, sim, nesse sentimento que nasce em cada dia quando, ao acordar, sentimos que cada dia é, ele mesmo, uma página em branco, onde a vida recomeça – sorrindo, sempre sorrindo!

Um beijo!

 

António Sousa Pereira

 

É amanhã que nasce o novo…

Este dia 1 de Fevereiro está inscrito nas minhas emoções. Muitas emoções. Marca o começo de um tempo novo. Porque todo o tempo velho abre caminho a um tempo novo. É amanhã, é sempre amanhã que nasce o novo.

Foi, na verdade, este, o dia que deixei para trás décadas da minha vida. Aquele tempo que vivi feito de entrega, de servir a comunidade, de viver por causas, de amar o trabalho como verdadeira paixão pela vida e no fazer os dias. Inventando. Construindo. Sonhando. Desilusões. Alegrias. Mágoas. Perder a autoestima. Sorrir. Escutar um abraço escrito com a palavra lealdade. E, por fim, ao cair do pano, receber uma medalha – antes negada – por bons serviços prestados. Tantas estórias. A vida em toda a sua riqueza e na sua plenitude de amor e guerras. Um tempo gravado no sangue das palavras, que nasceram no “sabor da palavra Liberdade”.

O tempo vai tudo esclarecendo…e, afinal, o que resta é o que guardamos e nos faz sentir esse equilíbrio, que só nós sentimos, no que fomos, dissemos e fizemos. Verticalidade.

   

É, também, um dia que nunca esqueço, porque nunca vou esquecer aquele homem com quem partilhei momentos inesquecíveis, na descoberta da luz e dos ritmos da vida e desta terra, que é dele e dos meus filhos. Ele, que nos deixou com um sorriso neste dia em Fevereiro.

Aquele homem que um dia chegou junto de mim com umas fotografias e disse-me: “Tens aqui estas fotografias, quero que escrevas sobre elas um texto”.

No dia seguinte, telefonei-lhe a dizer-lhe que tinha o texto escrito. Ele sentou-se na minha frente a ler, silenciosamente, com as mãos a amparar-lhe o rosto. Quando acabou de ler, levantou-se, dirigiu-se a mim, sem comentários, e, ali, deu-me um beijo, ao mesmo tempo que dizia: “Tinhas que ser tu a escrever este texto…”.  

Um texto que à volta dele tem outras estórias e memórias. Enfim coisas da vida.

Recordo. Recordo sempre, neste dia – “o mestre, os meninos e o gesso”, porque, na verdade são os gestos de homens nobres que nos dão a dimensão da nobreza da vida.

Homens que, afinal, nos fazem descobrir a poesia e a arte, como grande expressão das paisagens, das pessoas e do tempo que vivemos – a natureza e a humanidade.

  

Há dias, como este, que se inscrevem na memória do tempo que vivemos, são dias que tocam o coração, percorrem os nervos, fazem brilhar emoções, projectam futuro, criam sonhos, fazem acreditar que a vida é uma permanente transformação e aprendizagem. Aprendemos com tudo, com as virtudes e com erros. Errei tantas vezes. Continuo a errar, mas com tudo isso que fazemos, crescemos e, acreditem, é no crescer que nos encontramos com o mundo e com a cosmicidade.

 

Estou aqui e sinto todo o tempo por dentro dos sons silenciosos que percorrem o meu cérebro a estalar de emoções vivas.

Paro de escrever e penso – chegaste aqui, agora, arranca…diverte-te, goza os dias, vive o tempo todo com a intensidade de um amor jovem, esse que floresce brilhante nos teus cabelos brancos, feitos de uma vida que viveste sempre de forma apaixonada, em busca de ti e dos outros. Partilhando, sempre partilhando.

Este é o dia – 1 de Fevereiro – aquele que de uma janela voltada para o mar, fizeste uma promessa que tens cumprido plenamente – viver, viver e nunca desistir, porque cada dificuldade permitiu aprender que a vida é bela quando se vive fazendo o que se gosta e nos apaixona. Tudo se supera.

Nunca esqueças é amanhã, sempre amanhã, que nasce o novo, por isso, recebe o novo sempre, sempre com um sorriso!

Sorrir, sorrir, sorrir sempre… isso é que é lindo!

 

S.P.

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O Cachimbo

Um cachimbo é apenas um cachimbo. Uma presença. Uma referência. Uma existência. Um sinal. Ele existe. Silencioso. Ocupa espaço. O seu próprio espaço. Faz parte da vida. Mesmo pequenino, sem mais nenhum significado que não seja, esse, ser ele mesmo – um cachimbo.

Ele, de facto, está ali, mesmo que fechemos os olhos, e, por exemplo, o procuremos ignorar, não querer saber, não lhe dar visibilidade, a verdade, é que ele não deixa de lá estar, e, quer queiramos, quer não, ele existe  – é sempre um cachimbo. Mesmo que reduzido à sua mera insignificância de objecto utilitário. Ele existe. Acende. Apaga. Um ciclo permanente – é vida!

Olhamos o objecto. E podemos apenas pensar, meramente, como filosofia ou como arte, naquela célebre frase – Isto é um cachimbo!

Mas, ao olharmos um cachimbo ele, na verdade, até pode ter um rosto. Ou, porque não, ter muitos rostos. Podem ser poetas. Podem ser políticos. Podem ser escritores. Podem ser cientistas. Podem ser pescadores. Podem ser tudo o que quisermos ou imaginarmos, por experiência própria, de vida e de saber acumulado nos neurónios.

O cachimbo quando existe, tem vida, está ali na paisagem da cidade, na vida da cidade. Nos seus movimentos e pausas. Porque um cachimbo tem sempre um rosto. E ter rosto é lindo!

Nunca ignoremos isso, porque ignorar um rosto é como ignorar o sentido verdadeiro da cidadania.

Em suma, um cachimbo não é apenas um cachimbo, uma mera peça decorativa. Dá paixão. Dá emoção. Tem a dignidade de um ser que lhe dá personalidade.  

O cachimbo é, afinal, como a vida, algo que só faz sentido quando é sentida e vivida com prazer, alegria, vivacidade e, acima de tudo, com um sorriso no rosto.

 

S.P.

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Crescer

Se quisermos sentir como mudámos e crescemos, é, simples, muito simples, basta regressarmos a um lugar onde fomos crianças, e, ali, sentirmos anos depois, como tudo é diferente – enorme, quase nos sentimos, subitamente, gigantes.

É talvez, um pouco assim que sentimos a noção de crescimento e mudança. Voltarmos atrás no tempo. Reencontrarmo-nos com situações , contextos, momentos, revivermos nos nervos, num qualquer lugar, numa qualquer rua, num qualquer espaço, ali, pensarmos com isto era, como tudo se transformou – o espaço, o modo, os hábitos, e, olhando para dentro de nós mesmos, sentimos a diferença. Não tem mal.

É uma forma de sentirmos, como algumas coisas mudaram  e outras são iguais, tão iguais que ficamos com a sensação que, por vezes, o tempo parou. Mas nós mudamos, porque acumulamos experiência, vida, emoções, saber, afinal, sentimos que construímos.

Crescer é esse caminhar, observando, aprendendo e apreendendo. Cada um de nós tem um saber único, uma experiência vivida e sobre essa experiência, mais que a guardar e sentir, o importante é partilhar, porque é na partilha que recomeçamos a construir e a crescer.

 

Crescer é recordar tudo o que transportamos e não ficarmos presos às recordações, mas, sim, isso sim, fazer delas momentos únicos que nos abriram caminhos, descobrimos e aprofundamos a nossa paixão pela vida.

É esse voltar ao lugar de criança e sentirmos, que, com o tempo nos tornámos gigantes, crescemos e alcançámos uma outra dimensão e visão da vida.

Esse gigante, afinal, somos nós com a criança, o adolescente, o adulto, o idoso - todo o tempo vivido –  em cada momento, que nos faz do tamanho da vida, que sentimos e guardamos, como lastro e valor único. É isso que é preciso sentir, é isso que nos faz crescer, quando nos sentimos, tranquilamente, a olhar tudo o que fomos, nas experiências e mudanças, mas íntegros no encontro com a nossa individualidade – é essa que nos dá o sabor da palavra felicidade.

Crescer, com os lugares de criança e todos os lugares que se inscreveram e alcançámos na vida, com a consciência que, mesmo voltando ao mesmo lugar, ali, com o tempo vivido, o que reside é a memória e a memória não é a vida real, a vida real é aquilo que nós vivemos hoje, crescendo e sentindo, com paixão a mudança – porque só pela mudança transformamos e crescemos!

 

S.P.    

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A vida

A vida é como uma seara. Primeiro a semente é lançada à terra. Cresce. Rasga o solo. Cresce. Verdejante na Primavera. Dourada no Verão. Transforma-se. É pão.

Alimenta-nos. Mas, como nem só de pão vive o homem, há mais, muito mais, e, de tudo o mais, o mais lindo é o céu azul, as serras, os rios, o areal, os pássaros, a luz, o som, o sol, o luar e, por fim, aquele infinito, onde mergulho os meus olhos...o mar!

Tudo, tudo onde o meu olhar se estende, para, no silêncio de mim mesmo, me dizer, que o mais lindo e mais belo na vida é sorrir, chorar e amar.

Afinal, tudo isto é que é a seara do viver!

 

S.P.

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Por dentro dos dias - Barreiro A cidade onde aprendi a sentir a liberdade no coração

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Neste dia que começa o ano 43 da nova era de Portugal, pela manhã fui buscar o jornal, na Vitorius, ali no Pingo Doce. O meu amigo Adelino aproveitou para dar uns toques a propósito da vitória do Benfica. Eu comentei que sofri até quase ao fim à espera de um empate. Mas, não perdia a esperança. Vai ser assim até ao fim.

Depois fui assistir ao içar das bandeiras, na extinta Junta de Freguesia do Lavradio. Sem fanfarra de bombeiros. Sem banda. Enfim, sinais mesmo da sua clara extinção. Isso das bandas e bombeiros é para as gentes da cidade e para as terras que, apesar de tudo, conseguem manter a chama da sua identidade. Vivido este momento da extinta freguesia do Lavradio. Lá fui até aos Paços do Concelho. Entretanto passei pela SFAL, onde, senti, respirava-se o ambiente de Abril naquelas montras sempre decoradas com os símbolos da Revolução da Liberdade.

 

Nos Paços do Concelho registei algumas palavras da intervenção do Presidente da Câmara, principalmente quando sublinhou que - “o Poder Central tem que olhar para o Barreiro”. Registei e pensei que, de facto, há mais de quarenta nos que aquele território das extintas CUF/Quimigal – uma pérola do concelho – anda por ali às bolandas.

Um território que deu emprego, deu cultura, deu identidade., que faz parte do «adn» do Barreiro. Mas que por ali está, sem soluções. Valha-nos, em boa hora, a boa vontade e dedicação de Sardinha Pereira e equipas que seguiram seus passos, que deram um contributo para evitar que aquilo se transformasse num território fantasma.

Depois, já foram «Cidades do Cinema», projectos do Arquitecto Salgado, Masterplan, Arco Ribeirinho Sul,  Plano de Reconversão do Território da Quimiparque, agora, anda por aí, o Terminal de Contentores.

Uma coisa é certa, ali, naquele território, quem decide o seu futuro é o Poder Central. Seja liderado pelo PS, ou pelo PSD, como tem sido ao longo de décadas. Estas duas forças politicas são os grandes responsáveis pelas indefinições de um futuro concreto. Mudam os governos, mudam os planos. E esta pérola do Barreiro, sempre adiada em projectos que anulam projectos, em nada contribui para criar emprego ou gerar dinâmicas de desenvolvimento local.

Por isso tenho dito que o Barreiro pensa excessivamente CUF, vive excessivamente de algo que foi e nunca mais se sabe o que vai ser, talvez, por essa razão percebo as palavras do Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, neste dia de Abril de 2016.

 

Depois do içar da bandeira, dei uma volta pela cidade. Fui ver o painel feito pelos alunos do Agrupamento de Escolas do Barreiro no Parque da Cidade. Gostei. Uma memória que fica desta cidade – a cidade da resistência e da Liberdade. A resistência do passado e resiliência do presente. A luta pela Liberdade no passado e força motivadora de diferenciação no futuro. Barreiro uma palavra que é uma marca na região. Que inspirou canções e poemas.

Fiquei a pensar que este painel pode ser um pontapé de saída para nascer ali um espaço de arte – Parque da Cidade da Liberdade. Convidar artistas para criar esculturas. Espalhar no Parque da Cidade a Liberdade em Arte, com as escolas.

O Américo Marinho – grande vulto da arte do Barreiro -  que se inspirou nas tágides, deve estar feliz ao ver a arte nascer no edifício com o seu nome.

Parabéns!

 

Dou comigo ao fim da tarde, a escrever esta crónica e a recordar aquela fotografia que fiz esta manhã, junto ao Tejo, com os cravos a florir nas suas margens.

Imaginei, como seria lindo, todos os anos em Abril, a varanda do Tejo amanhecer com cravos nas suas margens. Tenho a certeza que o Mestre Augusto Cabrita, que dá o nome ao Passeio Ribeirinho – lá longe, sorria!

 

Feliz Ano Novo. Que tudo corra bem neste ano 43, da nova era!

Ah, é verdade, a Liberdade, dizem alguns não tem cores, mas, cá por mim, gosto mais da Liberdade que tenha todas as cores do mundo.

Porque, essa, é, afinal, a verdadeira cor da Liberdade!

 

António Sousa Pereira

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