No Barreiro, a República nasceu antes de nascer
Longe vai o tempo que, por vezes, se assinalava o Dia da República com o hastear solene das bandeiras nos Paços do Concelho.
Longe vai o tempo que até a Festa do Barreiro, nos dias após o 25 de Abril, chegou a festejar-se como a “Festa da Paz e da República”, celebrada em torno do 5 de Outubro e do Feriado Municipal, nesse tempo assinalado no dia 7 de Outubro – Dia da Padroeira, Nª Srª do Rosário.
Longe vai o tempo que o Partido Socialista do Barreiro, assinalava esta efeméride, com a marca simbólica de luta politica e de afirmação de uma memória democrática e republicana.
Longe vai o tempo, quando antes do 25 de Abril, a celebração do Dia 5 de Outubro, era uma jornada que enchia o Teatro Cine Barreirense, para se escutar o grito naquela voz de timbre único, do Mestre Manuel Cabanas a afirmar: Viva A República. Viva a Liberdade!
O Barreiro é uma terra que tem a cultura republicana inscrita em sucessivas gerações, uma marca do seu adn, a cultura democrática, o amor à Liberdade, a força da solidariedade, que se espelhava na sua vida associativa e cultural.
A comemoração do 5 de Outubro no Barreiro, na verdade, tinha um significado especial, porque, aqui, a República nasceu antes de nascer.
Nos dias de hoje, a celebração da República é isso, apenas isso, um Feriado Municipal.
O PS que é poder já não comemora a República porque essa, era, talvez, uma mera necessidade politica de unir vontades nos tempos de oposição.
E, afinal, nestes tempos que crescem as dúvidas em relação à politica e aos políticos, neste tempo que aumenta a descrença pela democracia, neste tempo, cada vez mais, sem ideias, nem ideais, porque o pragmatismo é a “ideologia” dominante, o PS, sendo poder e por ser um partido cuja história é indissociável do ideal republicano, devia estar na primeira linha e o Poder Local que lidera com maioria absoluta, não devia ignorar esta efeméride, numa terrra onde a República nasceu antes de nascer.
Deve celebrar-se o 5 de Outubro porque o Barreiro tem memória e esquecer é matar a memória – é o não existir.
António Sousa Pereira
Foto: Espaço Memória