Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Entre Tejo e Sado

Por dentro dos dias e da vida

Por dentro dos dias e da vida

Associação «Os Camarros» : pelo amor de ligar o rio à cidade

299814399_10158705422492681_2707569361715226832_n.

 

A associação «Os Camarros« com a sua proposta e a sua dedicação, empenho e paixão, está a contribuir para introduzir nas Festas do Barreiro uma linha inovadora, de valorização da actividade piscatória como nicho de referência na vida local, e, dar à procissão de Nª Srª do Rosário uma dimensão religiosa, cultural e de promoção de uma imagem do Barreiro, que pode ser um âncora ao nível turístico.
 

A ligação da cidade ao rio tem vindo a ser una realidade ao longo das últimas décadas, quer através da melhoria da qualidade das águas do Tejo e do Coina, quer pela criação ade acessibilidades, quer pela requalificação dos espaços ribeirinhos.
A criação de condições com mais dignidade para a pesca artesanal, nomeadamente, com o protocolo de cedência da Doca da CP ao município, a criação de condições de ligação ao rio, tem contribuído para a dignificação da actividade dos pescadores e valorização do papel social da vida dos homens e mulheres que dedicam as suas vidas à arte da pesca.

A fundação de «Os Camarros» Associação de Pesca Local, é um exemplo real da valorização do papel social dos pescadores na vida barreirense.

No ano 2021, a associação «Os Camarros» lançou o repto de realização de um troço da Procissão de Nª Srª do Rosário, por via marítima, diz-se, retomando uma prática que há mais de um século não se realizava.
O evento contou com a participação de barcos de pescadores e barcos de recreio, dando um colorido e um ar festivo, a uma romaria que era inédita, pois perde-se na memória dos barreirense a existência desta tradição, que remonta às origens das Festas de Nª Srª do Rosário, aos finais do século XVIII.
A procissão foi acompanhada nas margens do Tejo e Coina por muitas pessoas que viveram este acontecimento inédito para a comunidade barreirense.

De novo este ano, pela segunda vez, a associação «os Camarros« organizou a Procissão Marítima nas águas dos Rios Tejo e Coina, que ganhou uma maior dimensão, envolvendo pescadores de diversas comunidades piscatórias do Tejo – do Seixal, da Moita, da Trafaria, do Montijo, de Alcochete, unindo as margens e as gentes do Tejo. Empresas de turismo do Tejo envolveram-se no evento.
A associação «Os Camarros« com a sua proposta e a sua dedicação, empenho e paixão, está a contribuir para introduzir nas Festas do Barreiro uma linha inovadora, de valorização da actividade piscatória como nicho de referência na vida local, e, dar à procissão de Nª Srª do Rosário uma dimensão religiosa, cultural e de promoção de uma imagem do Barreiro, que pode ser um âncora ao nível turístico.

 

A presença da muleta «Álvaro Velho», neste cortejo. Um barco único no mundo, enriqueceu e valorizou este evento religioso, cultural.
A associação «Os camarros» está de parabéns, pela promoção da ideia, pelo seu empenho, por abrir os braços ao tejo, trazendo as comunidades piscatórias da região a viver este dia com intensidade, por contribuir para aproximar os Rios Tejo e o Coina das vivências quotidianas do concelho do Barreio, pelas margens dos rios que o Barreiro é um concelho com uma zona ribeirinha de grande beleza, e, esta é uma marca única a valorizar e preservar.

Por tudo isto, pela perseverança, pela persistência, pela dignidade que a associação «Os Camarros» colocou na organização da procissão Marítima de Nª Srª do Rosário, e, acima de tudo pela humildade e pureza colocada na sua acção, merecidamente, atribuímos aos homens e mulheres de «Os Camarros» Associação de Pesca Local a distinção «Rosto da Semana.

António Sousa Pereira

VER FOTOS
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.10158705482912681&type=3

“Nem tudo o que parece é…”

IMG_9056.JPG

Um destes dias, nas redes sociais, a propósito de uma fotografia publicada pela minha amiga Vera Silva, comentei: “lindo sorriso com os olhos”. Os seus olhos partilhavam emoção e alegria.
 
E, ontem, numa troca de palavras com o meu amigo Pedro Vasconcelos, recordei este comentário, para lhe dizer, sabes, uma coisa que aprendi com a pandemia foi a sentir o sorriso nos olhos. Os olhos tudo comunicam.
 
Olhar, olhos nos olhos, nos nervos dos olhos, é uma forma de sentir pulsar o coração. Mergulhar na interioridade. Sentir que somos com os outros. A pandemia ensinou-nos essa lição. Mas já esquecemos.
Por isso, por vezes, delicio-me a observar a diferença entre o rir com os dentes, e o rir com os olhos.
O sorriso com os olhos nasce no coração. É puro. É terno. Tem aquele sabor de mel. É um sorriso que se dá e se recebe.
O sorriso com os dentes nasce, talvez, no estômago. É uma comédia, ou talvez uma mera necessidade. Freud, explica isso.
 
Ao longo da minha vida, sempre me apaixonei pelo olhar. É no olhar que tudo começa, naquele instante que bebemos sofregamente a beleza da vida. Como dizia Augusto Cabrita – “a beleza existe, temos é que descobri-la”.
É por isso que, com o olhar abraço a natureza, o ceú, o sol, o luar, o mar, e, através dele sinto, parafraseando o poeta, que pelos olhos "vou para o mundo" e pelos olhos toco na energia do mundo.
 
Ocorreram-me todas estes pensamentos, a propósito de uma conversa que decorreu, perto de mim, daquelas conversas que acontecem por acaso, que escutamos sem coscuvilhice, mas, ao escutar, sentimos o pulsar do mundo real. Palavras que expressavam a amargura dos sorrisos, que comentavam fotos de circunstância. É vida.
Sim, ao escutar aquela troca de palavras registei, escutei a dor gravada nos olhos e no silêncio, ali, no meio da Procissão de Nª Srª do Rosário. De tudo o que foi dito guardei uma frase, limpa e dura, que voava entre as pétalas que desciam espalhando, no seu voo, o brilho, o colorido da palavra amor.
E, na verdade, naquele ambiente de religiosidade, aquela frase cravou-se nos meus ossos: “Nem tudo o que parece é…”.
Olhava em meu redor e percebia o contexto daquelas palavras que abafavam o silêncio.
 
Também, ali, ao meu lado, um jovem, talvez dos seus 30 anos, com a dor a respirar nos seus olhos, de lábios trémulos, como quem reza, intimamente, fixava a imagem de Nª Srª do Rosário. Ao seu lado eu lia, nos seus lábios, em sons mudos, o seu grito: Ajuda-me!
Sentia-se a fé nos olhos. Porque a fé é coisa que se sente, ou não se sente.
 
Quando navegava no Tejo, no cortejo marítimo da procissão de Nª Srª do Rosário, uma senhora brincava, rezava, tocava suave e silenciosamente o terço que descia no seu peito como se fosse um colar. Pedia na sua oração. É isto a fé, que não se explica.
No decorrer da viagem contou que estivera muito doente, com um cancro, e, na sua oração, pelo Tejo, agradecia por ainda estar viva – “sofri muito”.
A procissão no rio foi uma festa. Brincava-se. Vivia-se um ambiente de convívio e solidariedade.
 
Nas margens milhares de pessoas observavam. Sempre vi milhares de pessoas nas ruas do Barreiro, nos dias da Procissão de Nª Srª do Rosário. Não é nenhuma novidade os milhares de pessoas que ocorrem, vindos de muitos lados.
E, ao longo dos anos, sempre vi presentes pessoas de todos os partidos. Porque, afinal, a religião não tem partido.
Sempre que estou pelo Barreiro nos dias da Procissão de Nª Srª do Rosário lá vou observar, fotografar, sentir o pulsar das gentes camarras, que vivem este dia com fervor, sempre o viveram.
 
A Procissão de Nª Srª do Rosário, tem uma espiritualidade muito própria, que se cruza com a identidade de um povo, um povo que nunca foi submisso, por isso, sim, talvez por isso, revoltava-se, quando via a Igreja, estar ao lado de quem reprimia e prendia os que lutavam pela Liberdade.

Nestes dias, não sei porque razão, a procissão tem sido tema de conversa com alguns amigos. Uns que dizem defender a separação entre o Estado e a Igreja, questionando se o Poder Politico se devia expor e ser co-organizador deste evento religioso. Eu comentava que não via mal que o Poder Politico marcasse presença, porque institucionalmente, deve responder a convites e respeitar, esta, e, todas as religiões.
 
Outro meu amigo, que se afirma ateu, esse então, nem via com bons olhos a presença dos políticos nas cerimónias religiosas.
Comentei que ao longo dos anos vi marcar presença na Procissão de Nª Srª do Rosário presidentes de Câmara, do PCP e do PS. Não vejo nisto qualquer problema.
Na verdade, o importante é que exista separação de entre o poder espiritual e o poder temporal.
 
O triste, isso sim, é quando os políticos, ou até mesmo os padres, querem usar a religiosidade, como a arma de arremesso politica ou sócio cultural. Isto, de facto, em nada ajuda a salutar convivência.
 
Na verdade, ainda há muito a percorrer para cultivar, aprofundar e apreender o sentido e o significado da palavra «fraternidade», tão valorizada pelo Papa Francisco, na sua Carta Encíclica - «Fratelli Tutti – sobre a fraternidade e a amizade social», um texto que li apaixonadamente e cuja leitura aconselho, a crentes e não crentes, porque fala de «bem comum», de «valores comunitários», de «relações de vizinhança».
 
Ali, por exemplo, o Papa Francisco afirma que: “a politica deixou de ser um debate saudável sobre projectos a longo prazo para o desenvolvimento de todos e do bem comum, limitando-se a receitas efémeras de marketing cujo recurso mais eficaz está na destruição do outro. Neste mesquinho jogo de desqualificações, o debate é manipulado para manter o estado de controvérsia e contraposição. Nesta luta de interesses que nos coloca a todos contra todos, onde vencer se torna sinónimo de destruir…”
 
Ah, é verdade, também afirma, nesta sua encíclica que : “O mercado, por si só, não resolve tudo, embora, às vezes nos queiram fazer crer nesse dogma de fé neoliberal. Trata-se de um pensamento pobre, repetitivo, que propõe sempre as mesmas receitas perante qualquer desafio que surja”.
 
Enquanto navegava no Tejo, a bordo do «Sejas Feliz», barco da empresa que vai gerir a muleta «Álvaro Velho», nos próximos dez anos, deitava os meus olhos nos areais de Copacabana, de Alburrica, do Mexilhoeiro…mergulhava os meus pensamentos no silêncio das ondas, apenas, para descobrir a beleza da vida e abraçar a natureza com aquela ternura que se sente, sempre, quando nos olhos sentimos brotar a paixão pela vida.
 
António Sousa Pereira

O buraco de Santa Engrácia já está tapado…

300157612_10224170738114777_7521677231390902682_n.

Hoje, finalmente, após meses e meses, lá vieram arranjar o passeio e o buraco, na Urbanização dos Loio, que, para além de ter estado meses a verter água, depois de resolvido o problema da fuga de água, esteve mais uns meses, até agora para ser resolvido o calcetamento.

Na minha rua em tempos idos, quando as coisas corriam desta natureza criticava-se a Câmara e a Junta de freguesia, na época geridas pela CDU. Era de tudo um pouco, de incompetência a desleixo, ao Lavradio ao abandono.

Agora tudo está bem é normal. São dificuldades de recursos humanos. Ou outras questões.
Neste caso as obras realizadas numa fase foram da competência da Câmara Municipal, no que diz respeito ao arranjo da válvula, ou lá o que era, qualquer coisa na rede de águas. Meses por resolver. Depois meses semi-resolvido. O silêncio era total. Não escutei a voz de antigos críticos a expressar opinião. Pessoalmente também nunca toquei no assunto. O meu medo era ser acusado de comunista, sim, porque agora, qualquer um que tece comentários é comunista. Optei pelo silêncio. Até porque, por vezes, parece que já estamos no antes do 25 de Abril.

 

Mas hoje, pela manhã, após meses de silêncio ao ver que a aquela obra estava em curso. Fiquei feliz e decidi escrever esta «nota do dia». Temos passeio.
Eu até percebo a situação. E considero que não existindo recursos não é possível chegar a todo o lado. Uma Junta de freguesia com a dimensão da União de Freguesias do Barreiro e Lavradio que conta apenas com um calceteiro, não tem, obviamente, condições de resolver todas as situações. Sendo as matérias de calcetamento uma descentralização para as freguesias, assim é difícil se os meios financeiros não forem suficientes.

Mas isto não é assim de agora, já era assim nos outros tempos, talvez desde o ano 2013, que apenas existe um calceteiro. Mas nos tempos da CDU os atrasos eram uma vergonha. Nos dias de hoje são outras razões. O facto é que há dificuldades de admitir mais um calceiteiro. A opção, naturalmente, seria optar pela formação.
Mas pronto, habemus passeio. Estamos de parabéns. E, os más línguas que comentava que aquela obra era a obra de Santa Engrácia, pode engulir o sapo e tomar Kompensan.

O pessoal quando regressar de férias vai viver um momento de felicidade, esse mesmo que senti, hoje, pela manhã.
Cá por mim fiquei feliz…e já não tenho que ao passar por ali, diariamente, e pensar nunca mais resolvem isto. Sim, só pensar. E por vezes, olhava para os lados e sentia que tinha medo de pensar…
Parabéns à Junta de Freguesia que conseguiu demorar menos tempo a arranjar o passeio que a Câmara demorou a resolver o problema da rede de águas.
Já está pronto, isso é que importa. É caso para dizer – isto é noticia!

António Sousa Pereira

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

COMUNICAÇÃO SOCIAL

AUTARQUIAS

ESCOLAS

EMPRESAS

BLOGUES DO BARREIRO

ASSOCIAÇÔES E CLUBES

BLOGUES DA MOITA

SAPO LOCAL

PELO DISTRITO

CULTURA

POLITICA

TWITTER

FACEBOOK ROSTOS

Em destaque no SAPO Blogs
pub