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Entre Tejo e Sado

Por dentro dos dias e da vida

Por dentro dos dias e da vida

O timbre melódico que se deita no espaço

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Os pescadores continuam a pescar no meio do Tejo.
Os barcos da SOFLUSA e da Transtejo rasgam as águas e lá vão navegando entre as duas margens, como sempre, transportando a força de trabalho, num vai e vem quotidiano, marcado por esperança, desespero. É vida.
No Passeio Ribeirinho Augusto Cabrita um casal dá um passeio de mão dada, num silêncio apenas rasgado pelo som de uma gaivota e pelo borbulhar das ondas, ternamente, no areal junto ao pontão do Clube Naval.
Um homem ergue o telemóvel e faz uma fotografia ao Tejo. Um avião cruza os ares. Lá ao longe, outro avião levanta voo, abrindo as asas no céu azul.
Uma gaivota abre as asas e desliza junto ao espelho de água.
 
Sento-me numa pedra a olhar a outra margem. O panteão ergue-se solene na zona de Alfama.
O Álvaro dedicado associativista passa por mim, no seu passo calmo, na sua caminhada habitual : Bom Dia! Ele responde : “Bom Dia”.
“Então que diz das eleições?” interroga.
“Tudo está bem, quando acabe em bem”, respondo.
O Álvaro esboça um sorriso. Noto tristeza no seu olhar e no seu comentário.
Um atleta passa por nós, no seu treino matinal, procurando obter a melhor forma física.
 
Tenho na minha mão um livro de Herberto Helder. Abro ao acaso. O espaço. O tempo. A idade. A paisagem. Este lado e o outro lado da paisagem e do espaço. Fragmentos. A tristeza. A sabedoria.
Olho-me a mim mesmo eu e a paisagem. Olho o Panteão. Penso Portugal. Amália. Eusébio. Sofia.
Mergulho os olhos no Tejo, ali, naquele lugar, onde lavo os meus olhos nas águas. Eu e a paisagem. A paisagem como sentido da vida. A vida como sentido da paisagem.
O barco da SOFLUSA rasga as ondas.
As ondas beijam os lábios das margens.
Ao fim da tarde, na minha rua, uma vizinha pergunta sobre as eleições. Um outro amigo faz a mesma pergunta. Interrogações. Há muitas interrogações.
Digo-lhes, que está tudo bem, correu tudo bem…recordo-lhes que os juros estão a aumentar, recordo-lhes que o barril do petróleo está a aumentar.
“Está tudo bem”, comento.
“A minha reforma teve um aumento de sete euros”, disse ela.
Caminhamos e sorrimos. O sol ilumina com um colorido brilhante a Quinta da Várzea. Um autocarro chega à paragem. Os passageiros descem, de passos cansados. Murmuram. A rotina. O quotidiano.
 
Está a findar o mês de Janeiro do ano Dois Mil e Vinte e Dois, este é o dia seguinte. Tudo calmo. Sereno. Está a começar um novo ciclo.
Ao dobrar a noite, as notas de um piano, deslizam em sol misturadas nas minhas palavras.
Escuto, o timbre melódico que se deita no espaço…sorrindo ao tempo!
 
António Sousa Pereira

Transparências - Habemos orçamento!

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Todos os dias há palavras que ficam como meros registos da espuma dos dias, ou notas que permitem pensar o tempo que vivemos.

A minha leitura matinal do jornal é um encontro com essas coisas e loisas.

 

Hoje, neste dia pós eleitoral, que abre um novo período da vida politica, um tempo que vai exigir muita reflexão, ponderação e estarmos atentos às palavras, aqui e agora, intencionalmente, dou inicio a esta rubrica - «Transparências», através da qual irei partilhando as palavras que tocam regularmente os meus neurónios.

 

Não sei como posso ser útil…

 

“Eu não sou de dramas. Mas eu sou o primeiro a não ter argumentos para dizer em que posso ser útil neste contexto”…ou..,”como posso ser útil ao partido”, foram palavras de Rui Rio.

O presidente do PSD, com esta nota, sem anunciar o seu pedido de demissão, como que a abandonar o barco após a derrota eleitoral, deu um claro sinal que vai afastar-se e que abre a porta para que avance um novo líder.

 

IL elegeu pelo Círculo Eleitoral de Setúbal

 

“Com ideias, sem protagonistas, sem populismo e com rigor provámos que é possível tirar pessoas da apatia e crescer eleitoralmente e voltar a dar esperança aos portugueses”, disse João Cotrim da Iniciativa Liberal, que afirmou a sua oposição firme “ao socialismo que há tanto tempo nos desgoverna”.

O crescimento do Iniciativa Liberal, uma força politica que se assume objectivamente de direita, por um lado é sinal da maturidade da democracia portuguesa, e, na verdade, um exemplo, que pode-se ser de direita e ter opções de direita com uma cultura democrática, e, até, defendendo posições reconhecidas como causas da esquerda, como é o caso da eutanásia.

Esta é uma força politica que começa a abrir uma brecha no sistema partidário no pós 25 de Abril e que tem espaço para crescer. Elegeu, pela primeira vez, um deputado pelo Círculo Eleitoral de Setúbal.

 

A democracia é assim mesmo  

 

“O Bloco teve um mau resultado e…há deputados racistas a mais no Parlamento “, afirmou Catarina Martins, na noite das eleições e, ainda acrescentou – “a democracia é assim mesmo”.

O BE vai ter muito que debater ideias e encontrar rumos na sua diversidade e pluralidade.

 

Quando perder a coragem, perde tudo

 

“Quando um homem perde os bens, perde pouco. Quando perde a dignidade, perde muito. Quando perder a coragem, perde tudo”, afirmou Jerónimo de Sousa, na noite eleitoral.

Recordou que – “os problemas sociais que afligem os portugueses, designadamente no plano da protecção social, no apoio aos mais desfavorecidos, no combate à pobreza infantil…diminuirá significativamente”. “É uma pena”, salientou

Uma força politica inscrita na história e na vida dos portugueses, como dizia Melo Antunes, no PREC, é necessária á democracia.

 

Liberdade! Liberdade!

 

“Ainda há um mês nos deram por acabados, e estamos na Assembleia da Reoública. Queriam-nos excluir da história”, comentou na noite eleitoral Rui Tavares, do Livre, o partido que se afirma da “esquerda verde europeia”.

“Se há uma maioria absoluta do PS, há uma maioria ainda maior à esquerda”, acrescentou, numa noite onde a sua eleição foi saudada com gritos – “Liberdade!Liberdade!”.

 

Vitória da humildade, confiança e pela estabilidade

 

“Esta foi uma vitória da humildade, confiança e pela estabilidade”, salientou António Costa, na noite eleitoral.

“A maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho, é uma responsabilidade acrescida e é governar com e para todos os portugueses”, acrescentou.

“Será uma maioria de diálogo com todas as forças politicas que representam na Assembleia da República os portugueses na sua pluralidade”, disse António Costa.

“O grande desafio que terei nesta legislatura é reconciliar os portugueses é reconciliar os portugueses com as maiorias absolutas”, salientou António Costa.

É, sem dúvida, um grande desafio.

 

PS pode fazer o que quiser

 

E, como escreve António Barreto, - “a partir de agora o PS pode fazer o que quiser. Governar como entender e com quem desejar. Traçar livremente o seu caminho. Elaborar e fazer cumprir o seu programa. Preparar as suas politicas e designar os protagonistas. A nada é obrigado, a não ser à lei e à democracia. À justiça e à honestidade. Os socialistas já não têm desculpas”.

 

O  muro caiu em cima do Bloco e do PCP

 

E, para finalizar, parafraseando, José Miguel Tavares – “o PS aguentou o seu centro e destruiu a sua esquerda. O  muro caiu em cima do Bloco e do PCP e o PS recolheu os escombros. António Costa é rei e senhor de Portugal.”

E finaliza - “tudo está bem quando acaba em bem”.

Este é, pois, o dia seguinte, agora vamos ter quatro anos de estabilidade…tudo está bem, quando acaba em bem, foi também a frase que utilizei para comentar o resultado eleitoral para um amigo que me telefonou a comentar – “isto está tudo louco, o Chega à frente do Bloco”.

Está tudo bem, quando acaba em bem…habemos Orçamento!

 

António Sousa Pereira  

CEPILHO

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Recordar a Oficina do Mestre Zé Branco, na Rua da Espanha, na minha terra natal Vila Real de Santo António, onde exerci a minha primeira profissão, após concluir a 4ª classe, tinha 10 para 11 anos. - Aprendiz de Carpinteiro - com o Emidio, o Vicente, o Mestre Zé Branco, e dois outros que não recordo o nome, mas que recordo os alcunhas e opto por não os escrever.

Tinha o vencimento de 25 tostões por semana e o direito de entrar de «borla«, no Cine Foz, na Geral, onde o Mestre Zé Branco era porteiro.
Comprei-o, hoje, no Mercado de Artesanato e Bujigangas, junto ao Mercado do Lavradio.
 
S.P.
29 de janeiro de 2022

A fábrica da minha infância

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A minha irmã hoje mandou-me esta foto e com ela tocou nas minhas memórias.

Fábrica do Parodi..aqui trabalhou a minha mãe, a minha avó, a minha Tia Arminda.
 
Aqui brinquei nos terrenos junto às Oficinas, onde construi cidades. Aqui brinquei na «Escola- Creche da Tia Chica», com a mãe do Diogo...escrevendo no quadro, brincando no quintal.
Aqui chorei, quando torci um pé no armazém do carvão, e passei dez ou onze dias no Hospital Marquês Pombal. Lembras-te Jéfinha?
Aquelas noites após o serão que começavas a gritar, lá pela zona do Café «Janelas Verdes» e continuavas até passares a «Escola das Moças», num som que era um eco que entrava pelas janelas do 1º piso do Hospital e fazias-me chorar, ao escutar o teu choro e o teu clamor : "Eu quero o meu mano!"
 
Pois, aqui na «Escola- Creche» da Tia Chica» fiz amigos e amigas. Aqui cheirei atum e vi dezenas de atuns pelo chão a ser esquartejados, numa acção febril onde se misturava o suor humano com o labor da transformação, dos carros a entrar, no sangue a escorrer, no fumo a sair da cozedura. Aqui senti o cheiro e o sabor de sardinhas, do biqueirão e que bem sabia o pão molhado em azeite.
 
É verdade, aqui tenho muito da minha vida escrito no coração, naquela infância que vivi com a ternura de uma familia que começava na fábrica e se prolongava pelas portas abertas na Rua Estreita e na Rua da Espanha.
A Fábrica. O cais. As traineiras - Maria Rosa e Conceiçanita, que eram continuidade desta fábrica no rio e no mar. A praia dos «empelotes». Aqui guardo, afinal, muito, mesmo muito, da saudade que me faz sentir a minha terra no meu coração.
 
Obrigado mana pelas lembranças que despertaste na minha memória.
 
António Sousa Pereira
 
 
 
 
 
 

A lição de uma leitura

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O tempo é a liberdade mais livre, o passado não mudas, mas é experiência vivida, por isso é importante preservares a memória, porque quando perdes a memória perdes a identidade, depois, não vale a pena perderes tempo na busca de culpados, de quem é culpa, porque a culpa tem causas, acasos, circunstancias, e, produz efeitos, e, por fim, não penses que podes mudar hoje o futuro.

Só podes ter uma certeza, vive com a totalidade de tudo o que és...tu, como herança de tudo o que recebeste de quem te antecedeu, tu como construtor de legado aos que vão receber o teu legado. Vive a tua totalidade. Nunca abdiques de ser. Carpe diem.

Vive a vida enquanto não...arrefece!

S.P

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