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Entre Tejo e Sado

Por dentro dos dias e da vida

Por dentro dos dias e da vida

Emoções positivas vão subtilmente combater as emoções negativas

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A cidade é feita de acontecimentos diários. Factos que marcam os dias. Emoções. Pensamentos. Em tempos decisivos, aqueles tempos que se colocam como momentos de desafios, confrontos de caminhos, as emoções nascem à flor da pele. Há confronto de ideias, afinal é isso que faz a democracia e motiva as escolhas. Mas, também sabemos e sentimos, há confrontos de emoções, essas que visam gerar reacções, impactos, sugestionar opções, não por ideias ou caminhos diferentes, mas por estigmas, ódios e paixões.

Uma das coisas que recordo, em tempos recentes, foram as campanhas permanentes de gestão de emoções sociais. O lixo nas ruas que transbordava todos os dias. As ervas que nasciam nos passeios. Os buracos nas ruas. Nada era inocente. O objectivo era claro criar um clima de crispação, de emoções negativas. Dar uma imagem do estado das coisas degradante, de inoperância. Os trabalhadores da autarquia chegavam a ser enxovalhados. Muitas vezes notei nas redes sociais alguns trabalhadores a indignar-se pela forma como eram acusados de situações que nada tinham a ver com as suas competências ou capacidades de trabalho mas, que, na realidade, eram o fruto de actos de cidadãos, da falta de civismo.


Não interessava criticar os maus comportamentos civicos dos cidadãos, até porque esses eram os votantes. Os eleitores não podem ser criticados. É vida.
Enfim, o tempo que se vivia era esse de pré-campanha eleitoral, portanto, nas redes sociais estimulava-se os estigmas, e no discurso politico exploravam-se as fragilidades. Era a luta pela conquista do poder, e, nessa luta, por vezes, de facto vale tudo, afinal, sempre assim foi, na luta politica quem não mata é morto.

Depois, passado o acto eleitoral, o discurso mudou de rumo, o lixo acumulado nas ruas, que era incompetência do municipio e da má qualidade dos trabalhadores da autarquia, passou a ter outro culpado, a falta de civismo dos cidadãos.
Gerou-se um “processo quimico” os trabalhadores de incompetentes passaram a ser bons, homens e mulheres com muitos anos de dedicação e trabalho ao serviço da comunidade, que tinham sido enxovalhados passaram a ser bons, os maus começaram a ser os cidadãos.
As criticas aos serviços municipais e aos seus trabalhadores deixaram lentamente de existir e, sempre, em crescendo, foi sendo apontado o dedo, para as situações de sempre, a falta de respeito que existe pelo espaço público, por parte de muitos cidadãos. Que vão continuar por muitos anos, enquanto não se encarar de frente o problema e forem tomadas decisões de plena mudança. Basta existir coragem para se fazer o que se faz em muitas cidades europeias. Uma nova cultura. Uma nova exigência do viver e fazer cidade e cidadania. Mas este é um problema de Portugal, não é um problema local.

Enfim, a vida é o que é, e, nos dias de hoje os comportamentos continuam, o lixo é colocado nas ruas, é abandonado á porta do prédio, a pouco metros dos contentores. Os monos são colocados junto aos contentores. Vai continuar a ser assim...
Talvez, por essa razão, as criticas ao lixo amontoado nas ruas começam agora a ser uma constante, até porque aumentou a produção do lixo urbano e os recursos do municipio são insuficientes.
E, na verdade, como cá estamos de novo a caminhar para um novo tempo de escolhas, o tal que devia ser de confronto de ideias, como sempre, está a ser e vai ser, o mais certo, mais uma vez, marcado pelo confronto de emoções.

Porque, na verdade, é isso, a politica cada vez mais é a gestão de imagem, a gestão de emoções. Infelizmente.
Cá estamos, neste tempo, hoje, aqui e agora, e todos temos a consciência que pouco ou nada mudou porque a cidade é a cidade real, sem filtros. Os monos continuam, o lixo nas ruas existe, os trabalhadores são os mesmos, os serviços municipais são os mesmos, que dão o melhor e fazem o melhor.

Mas, desde já, é preciso evitar que a gestão de emoções sociais, que marcou e estigmatizou a cidade e a vida local há quatro anos atrás, com a gestão dos conflitos, nesta matéria, com uma cultura negativa não seja, agora, usada de novo, e, desta vez, voltando o feitiço contra o feiticeiro.
Por essa razão, agora, é o municipio que arranca com uma campanha contrapondo a uma cultura pela negativa, uma cultura pela positiva.

Os trabalhadores e os serviços municipais que eram os maus e culpados agora são são projectados como sendo os melhores do mundo, alguns trabalhadores com dezenas de anos de casa, até com 37 anos, são a cara de uma campanha de sensibilização dos cidadãos para boas práticas de civilidade. Um ideia positiva. Um projecto que merece um grande aplauso.
Uma ideia genial. Um exemplo de quem gere a longo prazo, e sabe como é importante gerir os sentimentos e, também, que investir na gestão da emoção é uma necessidade de faz parte do fazer politica, aqui e agora, neste século XXI.

Assim, sente-se que as criticas vão surgindo nas redes sociais, dando expressão a emoções negativas, apontando os erros e problemas. São reais. Os conflitos são, na verdade, cada vez mais em crescendo nas redes sociais, o lixo nos contentores, os monos – tal como aconteceu há quatro anos atrás, de novo começa a guerrilha do lixo.
No entanto, essas criticas, em breve vão ser contrariadas por uma campanha de valorização da imagem dos trabalhadores e dos serviços.
Não se criticam os cidadãos que agem negativamente, pelo contrário, apela-se a uma acção colaborativa e participante na melhoria da imagem da cidade.

Cria-se uma emoção positiva em torno da valorização dos trabalhadores, e, de certa forma com esta emoção neutraliza-se a emoção negativa, de critica social que está em crescendo, obviamente, como é natural, neste tempo de escolhas que se aproxima.

Afinal, agora a culpa do estado das coisas já não é dos serviços municipais. Eles são homens e mulheres que se dedicam com paixão à causa pública. Ainda bem que isso, agora, já é reconhecido.
Por mim, sempre soube que essa era a realidade, talvez por isso, só por isso, indignava-me quando escutava certos discursos acusadores.
Mas, é isso, o tempo tudo resolve. Sempre assim foi, sempre assim será...

Estou a escrever tudo isto, a propósito de uma campanha que, pelos vistos, vai ser lançada pela autarquia de sensibilização para novos comportamentos dos cidadãos.
Uma campanha que valoriza os trabalhadores da autarquia na área de recolha dos resíduos urbanos, uma campanha que reconhece a sua entrega e o empenho. Eles que foram tantas vezes caluniados.

Pelo que vi, a autarquia está de parabéns. É, sem dúvida, uma campanha bem pensada, que mata dois coelhos de uma cajadada – combate as emoções negativas emergentes, reais que já marcam a vida quotidiana, e, simultaneamente, através de uma emoção positiva colocam os trabalhadores como escudo de defesa da imagem da autarquia. É de génio. Muito bom. Pode-se discordar do estilo e do modo, mas, sublinhe-se que é mesmo de quem não brinca em serviço.

Afinal, neste tempo que se aproxima de escolhas e mudanças, com o positivo combate-se o negativo.
Quem falar mal e apontar a degradação do lixo nas ruas, acaba por estar a assumir uma postura contra os trabalhadores que dão o seu melhor, com dedicação, esforço e paixão.
A autarquia não vai ser confrontada com as criticas, como aconteceu há quatro anos atrás, agora, com esta campanha de sensibilização a culpa será sempre induzida nos comportamentos sociais. A autarquia faz o melhor. Os trabalhadores são o melhor.
Para mim sempre foram, sempre senti que deram e dão o melhor de si.

Se há quatro anos atrás o lixo nas ruas foi arma de arremesso contra os serviços municipais, com esta campanha, nos próximos tempos quem quiser usar essa “arma” para fazer politica, como aconteceu no passado, vai encontrar pela frente os rostos de trabalhadores, ali, com sorrisos e maquilhados, espalhados pelas ruas da cidade em cartazes e outdoors a dizer – ajudem-nos a manter a cidade limpa.
Nós trabalhamos para isso, precisamos do vosso contributo. Esta emoção positiva vai sobrepor-se a toda e qualquer emoção negativa que seja explorada neste campo, por quem está na oposição, quem não perceber isso, não percebe que houve mudança na estratégia politica local.

No passado foi a gestão de sentimentos negativos, de emoções negativas. Isso foi. O tempo agora é de gestão de emoções positivas.
Quem ficar pelo negativo, dá espaço a sentimentos de exclusão. Os sentimentos positivos são inclusivos.

Fica óbvio que quem fomentar a critica negativa está a colocar-se contra os trabalhadores e contra a dedicação e amor à cidade e quem por ela trabalha.

Naturalmente, no meio das imagens de quem trabalha, de forma associativa, mete-se lá um qualquer autarca a sorrir e dar abraços – mesmo que não seja o responsável pela área – uma forma subtil de promover e dar dimensão social, ligando o politico ao trabalhador e ao trabalho.

Sem dúvida. Uma campanha bem pensada. Uma campanha com todos os recursos, com toda a técnica de comunicação – do psicológico ao social, do sentimento ao emocional – uma campanha de quem sabe usar a imagem, um exemplo positivo de quem estuda e percebe o que emerge no diz que diz-se da cidade e no fazer opinião pública.
Uma campanha de quem não brinca em serviço e, sabe, muito bem, que nos tempos de escolha e decisões, que são os tempos de hoje, toma opções, e, mais que discutir ideias, opta pelo gerir emoções.
Esta uma campanha de emoções, que gere e muito bem uma dimensão da gestão da cidade a partir da cognição do visual e da informação que nasce no emocional.

Esta uma campanha que demonstra como os politicos nos tempos actuais sabem qual é a importância dos sentimentos, sabem que é essencial perceber as emoções sociais e abordar as situações de conflito de frente – sobrepondo a emoções negativas as emoções positivas.
Uma emoção positiva apaga a emoção negativa, uma reduz o impacto da outra. Isto é politica comunicacional. Isto é a politica do século XXI.

E, assim, a vida continua. Em suma, agora temos os nosso heróis maquilhados, as mulheres e os homens que trabalham, que dão o melhor de si, agora como rosto da autarquia, com os seus sorrisos e palavras corporizam as emoções positivas, essas que pela positiva, afinal, vão subtilmente combater as emoções negativas que circulam nas redes sociais e nas esquinas.
Parabéns! É genial.

António Sousa Pereira

Fila

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Há quem diga segue este caminho

que este é o único caminho da vida.

 

Há quem diga não desistas de caminhar

porque o caminho é feito de caminhar.

 

Há quem diga que é preciso caminhar

Porque só  caminhando havemos de chegar.

 

Há quem diga que dar o primeiro passo,

é o começo de todo o caminho a caminhar.

 

Há quem diga que nunca caminhamos sós,

que até há outros caminham, aqui ao nosso lado.  

 

Há quem diga que o caminho é feito de filas

umas que são únicas, outras que dá para optar.

 

Todos na vida temos o caminho que percorremos,

o nosso, esse inscrito na nossa viagem única, tempo,

que fazemos, todo que vivemos do nascer ao morrer.

Há quem aponte a fila única da salvação.

Há quem aponte a fila única da construção.

A fila única que existe é feita no teu coração!

 

António Sousa Pereira

2 de Janeiro de 2019

 

Tempo

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O tempo tem cores, as cores do nosso tempo,

nascemos por dentro da transparência da luz,

em ecos sonoros que rasgam o ventre a florir.

 

Sentimos o tempo certo, na hora certa,

num compasso sonoro dos nossos passos,

em todos os gestos que nos decobrimos.

 

O tempo afinal não é mais que a distância,

colorida que reluz no brilho dos teus olhos,

azuis, castanhos, verdes, cinzentos e vivos.

 

Nascemos, crescemos, caminhamos, sonhamos,

há tempos de tempestade, há tempos de bonança,

viver é viver o tempo, e olhar no sol a esperança.

 

António Sousa Pereira

2 de Janeiro de 2020  

O teu sorriso

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Se eu pudesse pegar no sol

transportava-o nos meus dedos,

com ele voava entre as nuvens,

rasgando a neblina matinal,

que mergulha o Tejo em silêncio.

 

Voava nos raios de luz,

entre as estrelas e o luar,

beijava teu corpo,

essa lágrima reluzente,

que desce do teu olhar,

para sentir nascer,

outro sol, no teu sorriso.

 

António Sousa Pereira
1 de Janeiro de 2020

 

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