Todos nós nascemos para morrer!
Todos nós nascemos para morrer,
mas, o mais importante da vida,
não é morte, em cada dia vivido,
é viver os dias superando a morte.
Nós, todos os dias, recusamos a morte,
sempre anunciada, quando vivemos,
construindo, sonhando, lutando, vivendo,
deixando marcas no tempo partilhado.
Todos nós nascemos para morrer,
mas não morremos quando, sabemos,
fica um bocado de nós, espalhado
no tempo, nos dias que erguemos,
nas sementes lançadas ao vento,
germinando folhas, flores e frutos.
Todos nós nascemos para morrer,
mas, não morremos, vivemos, sempre,
quando acendemos a chama, a esperança,
de um querer mais forte que a morte,
então, só então, ficamos, nessa lembrança,
nas paixões, nesses passos, nessas lutas,
e, finalmente sabemos, lá por dentro,
do dentro que somos, no dentro que construímos,
nesse caminhar que fomos, no dizer que sentimos,
sabemos, que um homem não morre, se em vida,
afinal, nessa vida gerada, erguendo os olhos,
ao sol e os nervos ao luar, da morte por dentro
da vida, o homem da morte se libertar - sorrindo!
Por isso, um homem não morre, quando morre,
um homem só morre na vida, quando em vida,
deixar nos seus dias, a morte nos dias matar.
Nunca morre, o homem que vive a lutar!
Só morre o homem que morre, que se cala,
que diz sim, porque não - é mais duro de afirmar!
Nuca morre, o homem que fez chão, caminhou,
que viveu, sonhou, lutou e deixou marcas, nos dias,
aí, por onde outros vão, afinal, continuar a caminhar!
Todos nascemos para morrer, por isso,
um homem só morre se nesta vida, morrer
todos os dias, todos os dias, todos os dias - sem lutar!
António Sousa Pereira
6 de Maio de 2015